João Ledo, Gerente de Contas do Grupo Binário.
João Ledo, Gerente de Contas do Grupo Binário.

Já falamos aqui no Blog sobre a necessidade de o CIO ser cada vez mais incisivo e atuante nas áreas de negócios das empresas. Mas o cenário geral parece ainda estar longe de ser assim: um estudo realizado pelo grupo Logicalis junto a mais de 400 CIOs ao redor do mundo mostrou que 9 em cada 10 líderes de tecnologia são ignorados pelos usuários em relação às decisões de tecnologia.

Este dado mostra que as empresas estão na contramão de uma tendência de mercado, como apontam as principais consultorias que afirmam que, cada vez mais, a TI deve participar das decisões de negócios e deve ser pensada para o negócio. O desafio para os líderes do setor de tecnologia das empresas é se colocarem no centro das atividades da companhia. Para isso, a estratégia vem sendo não mais apenas prover serviços de tecnologia, mas sim, gerenciar um portfólio que auxilie nas demandas das áreas de negócio.

O CIO, que deveria ser o responsável por liderar as mudanças de transformação digital, ainda enfrenta resistência, especialmente das áreas de gestão e financeira, mesmo que provavelmente seja o executivo mais preparado para entender as tecnologias inovadoras e as novas possibilidades que elas trazem. Mas capturar esta oportunidade exige uma mentalidade diferente. Ele deve ficar mais longe da infraestrutura de TI e mais próximo das oportunidades de negócio.

Outro dado preocupante é que quase um terço (31%) dos gestores de TI entrevistados no estudo Global CIO Survey 2015 apontaram que são frequentemente ignorados quando se trata de tomar decisões relacionadas a compras de tecnologia, enquanto dois terços (66%) desses executivos detêm o poder em relação aos investimentos.

Para conquistar mais espaço, o setor adota uma postura proativa. Cerca de 42% dos CIOs optaram por atuar em um modelo de prestação interna de serviços para se manter relevante para as companhias, que em sua grande maioria não tem em seu core tecnologia. Com isto, os profissionais estão tentando se libertar das tarefas operacionais diárias, com 38% deles gastando, pelo menos, 50% do tempo em atividades estratégicas, com atividades mais consistentes e com engajamento com áreas do negócio.

A TI não deve estar apenas alinhada às necessidades estruturais do negócio. Ela deve estar no cerne do negócio. É preciso promover uma disrupção na forma de pensar e agir quando o assunto é conectar áreas por meio da tecnologia. O perfil técnico evoluiu e os profissionais do setor deveriam ganhar relevância para assumirem papeis estratégicos e participar ativamente das decisões de negócios. Está na mão dos líderes de tecnologia assumir, de fato, seu merecido lugar no board nas corporações.

A postura conservadora, atrelada a um modelo antigo que mantém TI e Gestão de Negócios em separado – ou, pior, isoladas – é obsoleta. E não tem mais espaço no mercado atual.