Martha Leite é gerente de negócios do Grupo Binário.
Martha Leite é gerente de negócios do Grupo Binário.

Um estudo recente conduzido pela Dimensional Research mostrou que 51% das grandes empresas globais que ainda não aderiram a cloud computing pretendem fazê-lo em breve, iniciando pela migração de e-mails. Apesar disso, no Brasil o receio quanto à nuvem ainda é significativo: pesquisa da InvestTech mostra que 55,1% das companhias nacionais ouvidas mostram restrições ao modelo, sendo que 36% delas não têm qualquer plano para migrar para esta tendência atualmente.

O maior motivo da hesitação é, como já de praxe, a segurança. E é claro que é um receio válido, afinal, estamos tratando da mudança de ambiente e tecnologia para as aplicações e informações críticas de uma empresa. Mas é possível driblar este desafio, bastando, para isso, escolher um provedor de nuvem que ofereça reais recursos de proteção contra violações e estratégias e ferramentas bem definidas de disaster recovery.

É importante ter em mente que migrar para a nuvem requer abrir mão dos níveis de controle tradicionais da empresa, por isso a confiança no provedor é fundamental. Verifique, antes de tudo, as estratégias do fornecedor quanto a violações de dados, controle de acesso de informações, gerenciamento e monitoramento de eventos. Na nuvem, a segurança precisa se concentrar na informação, ou seja, os dados precisam ter segurança própria, passando por isolamento – especialmente quando se fala em nuvem pública.

Tenha certeza também de que seu fornecedor de nuvem esteja preparado para auditorias externas relativas a compliance e regulamentação, e de que possui certificações de segurança.

Outra preocupação das empresas é quanto à localização dos dados, já que, saindo de casa para a nuvem, muitas companhias não sabem mais sequer em que país suas informações estarão hospedadas. Quanto a isso, o provedor deve se comprometer com o armazenamento e processamento dos dados em jurisdições específicas, obedecendo aos requisitos de privacidade do país em questão – e tudo isso tem que estar muito bem esclarecido em contrato.

Informe-se, ainda, sobre a segregação dos dados, já que sua companhia dividirá espaço com outras na hospedagem em nuvem, se o modelo for público. Saiba que tipo de separação de dados e de criptografia o fornecedor usa.

Não descuide da parte de disaster recovery – afinal, todo modelo é sujeito a falhas. Se a nuvem tiver problemas, o fornecedor tem de saber onde estão suas informações e aplicações e, imediatamente, ativar um plano já consolidado para reavê-los intactos. Provedor que não comprove uma estratégia de replicação de dados e de infraestrutura é inaceitável.

Por fim, certifique-se de que seu fornecedor possui um plano de viabilidade a longo prazo. O mundo corporativo da cloud computing não é diferente dos demais e toda empresa está sujeita a negociações, a ser adquirida por outra companhia, a mudar de gestão etc. Para o cliente, nada disso importa: seja lá qual for o rumo que o fornecedor tomar, seus dados precisam estar seguros, disponíveis e operantes.

E além da segurança, algum motivo a mais para as empresas brasileiras relutarem perante a nuvem? A resposta é sim. Governança, por exemplo. A migração para o novo modelo, seja ele de cloud pública, privada ou híbrida vai requerer uma renovação de estratégia, levando em conta – de novo – o fato de que agora o controle é compartilhado entre você e o provedor. Já que nem todos os seus sistemas e dados estarão em sua estrutura local, tire um pouco o foco da segurança interna dos mesmos e passe a preocupar-se mais com a gestão das políticas de seu fornecedor sobre eles.

Para tanto, é importante contar com recursos de monitoramento em tempo real, gestão do ciclo de vida de ativos e relatórios diários de acompanhamento e vulnerabilidade. Isso lhe dará embasamento para gerenciar como tudo está indo e tomar decisões quanto a continuidade do serviço, possíveis mudanças e cobranças etc.

Antes de mais nada, é importante verificar que há muito mais argumentos a favor da cloud computing do que contra. A preocupação existe e é saudável, pois significa que a empresa está atenta a seus sistemas, informações e processos, o que só tende a ser positivo, mas não pode impedir o avanço das corporações na busca por evolução e por adequação à digitalização dos negócios, tema cada vez mais presente no cotidiano corporativo.

Hospedar em nuvem é disponibilizar fácil acesso a seus arquivos e aplicações por meio de uma infraestrutura mais barata e, nem por isso, menos robusta. É ter acesso a suas informações e sistemas a partir de qualquer lugar. É contar com a possibilidade de manter tudo funcionando mesmo que uma catástrofe ocorra no data center – quando você tem tudo dentro da empresa, a chance de uma falha ou um incidente como alagamento ou incêndio colocar seu legado a perder é grande, afinal, seu core business não é o gerenciamento da hospedagem.

Já mencionamos o benefício da redução de custos infraestruturais, mas ela também se estende à manutenção de servidores e complementos de armazenamento e processamento. Pode ser bastante econômico delegar isso a um fornecedor terceirizado.

Não é preciso ter medo da nuvem, só é preciso ter cautela. Pesquisando, conhecendo muito bem seu negócio e suas necessidades, e escolhendo um fornecedor que se enquadre a ambos, a estratégia só tem motivos para ser certeira.

Vamos pensar juntos: se fosse tão assustadora, a cloud computing já não contaria com a adesão tão sólida que conta – estudos do Gartner mostram que até 2016 os maiores investimentos das empresas em Tecnologia da Informação serão feitos em computação na nuvem, sendo que mais de metade das grandes corporações do mundo deverão adotar o modelo híbrido. Só no Brasil, a consultoria indica que até 2017 haverá investimentos em torno de US$ 4,5 bilhões neste segmento.

Cerque-se de cuidados, esteja atento aos detalhes, seja exigente com seu fornecedor. Só não fique de fora desta onda que pode trazer benefícios competitivos a sua empresa – e na qual, certamente, muitos de seus competidores irão surfar.